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a geração z vive presa no passado?

a geração z vive presa no passado?

a calça saruel voltou com outro nome e isso não é por acaso...

se você não mora em uma caverna, já percebeu que a calça aladdin está de volta com tudo, e eu digo "de volta”porque para mim ela é a prima bonita-que-mora-fora da calça saruel. uma releitura bem feita, convenhamos. somado à isso, tivemos uma supresa nessa última semana com o revival da demi lovato + jonas brothers. foi sonho?

  • um estudo sobre “aspirational age” publicado na harvard business review indica que sentir nostalgia leva as pessoas a dispor-se a pagar mais pelo que desejam, graças à carga afetiva associada.

basicamente a nostalgia aumenta o engajamento, a confiança e o desejo de compra, pois cria familiaridade emocional em tempos de incerteza. é gostoso relembrar momentos do passado, isso a gente sabe. e pelo visto, o mercado também. mas será que nós somos mais obcecados pelo passado do que todas as outras gerações? e se sim, por que?

  • a gen z sente nostalgia de períodos que nem viveu — o que é chamado de anemoia (saudade de algo que nunca se viveu).

eu confesso que tenho uma relação abusiva com o passado. sempre glamorizei absolutamente qualquer década que não fosse a atual. quem nunca assistiu midnight in paris e idealizou voltar para um tempo que nunca viveu que atire a primeira pedra. em um mundo hiperacelerado, ansioso e instável, como o da geração z, revisitar o passado é quase terapêutico — tanto para nós consumidores quanto para marcas.

o fenômeno da anemoia (de sentir saudade de tempos nunca vividos) é muito típico da gen z. ele surge porque nosso contato com o passado é massificado via internet, fotos, filmes, playlists, roupas vintage circulam com força. assim, somos capazes de sentir nostalgia até de décadas que só conhecemos por mediações. tudo é acessível demais.

outro dia mesmo estava pensando em como todas as fotografias analógicas são um zilhão de vezes mais bonitas que as atuais, e me peguei considerando que o auge da estética já passou, já foi vivido, finito. dificilmente amo um filme atual porque considero a qualidade da imagem feia (alta, mas feia), e os roteiros superficiais. será que estamos fadados a sermos bregas pelo nosso tempo? ou só não sabemos ver beleza no presente?

a história mostra que quase toda época é considerada “cafona” por quem a vive. os anos 80 eram vistos como exagerados nos 90; os anos 2000, como horrorosos até poucos anos atrás — e agora voltam com força. ou seja, existe um delay: só conseguimos reconhecer a beleza do presente quando ele vira passado. talvez porque só com distância conseguimos separar o que era ruído do que era genuíno.

quando estamos imersos no agora, vemos o excesso de informação, o que é descartável, a produção em massa. isso obscurece o que realmente é significativo. só conseguimos ver a beleza dos anos 70, 80 ou 2000 porque o tempo já fez a triagem: o ruim ficou para trás, o essencial sobreviveu e virou referência, mas o presente ainda não foi filtrado. tendemos a usar o passado como parâmetro para criticar a superficialidade do agora — mas isso é cíclico, sempre aconteceu. os anos 20 eram acusados de frívolos, os anos 80 de cafonas… até que o tempo ressignifica.

é interessante pensar que a sociedade se comporta de forma cíclica… assim como a moda. oieee estudantes de comunicação e amantes de humanas no ensino médio, vocês sabem o que isso significa. repito o que sempre digo aqui: moda é comunicação na sua vertente mais prática.

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  • ciclos de 20 anos: a teoria de “ciclos nostálgicos” da moda (crane, 2000; polhemus, 1994) aponta que estilos tendem a retornar após 20 anos, quando a geração que cresceu com eles chega à fase de consumo ativo.

às vezes há uma fase de retorno mais literal: peças reeditadas, estéticas copiadas fielmente. exemplo: a bolsa baguete da fendi, relançada praticamente igual à dos anos 2000. ou podemos citar também a addison rae que fugiu diretamente de 2010 com um iphone 16 pro max para lançar carreira na música.

outras vezes (em sua maioria) há uma releitura, como os jeans de cintura baixa, que vieram dos anos 2000 adaptados com caimento oversized, ou no máximo reto, skinny jamais…

todo presente será chamado de brega, e depois será visto como icônico. a beleza talvez não esteja perdida, apenas invisível momentaneamente. o desafio pode ser menos sobre “descobrir se o agora é belo” e mais sobre treinar o olhar para perceber beleza antes que o tempo a legitime.

ta, mas agora indo ao ponto que nos interessa: como podemos separar o que presta do que não presta? o que vale a nossa energia, dinheiro e comoção e o que é ruído? eu como uma boa overthinker (+odeia gastar dinheiro à toa e se arrepender de compras) e amiga de vocês, criei algumas técnicas para solucionar isso;

  1. o que sobrevive ao algoritmo? se uma estética, uma obra ou uma peça de roupa continua ressoando meses/anos depois, provavelmente tem algo de genuíno. isso me lembra o poa, que é hit desde os anos 50 e até hoje tem seu lugar. that means something.

  2. o genuíno gera desdobramentos, inspira outros criadores e atravessa nichos; o ruído morre no próprio hype. se o movimento vai para fora de uma bolha, provavelmente a durabilidade dele vai ser maior. o grunge, por exemplo, virou estética de passarela, editorial e streetstyle.

  3. tudo que é bubble gum dura mais (é a moda que surge na rua, nos grupos subculturais, e só depois é apropriada pelo mainstream). tendências criadas nas ruas, por pessoas reais tendem a ser mais verdadeiras e duráveis do que tendências fabricadas em laboratório. a massa fala, os desfiles dão voz. o que aparece na passarela geralmente é uma leitura do que a sociedade está sentindo. exemplo: o punk nos anos 70 (bubble up) foi além da estética, tornou-se um modo de viver/pensar/agir que reverbera até hoje.

  4. reflita a sua intenção na hora do consumo. comprar tendência baseada só no impacto visual ou no algoritmo gera arrependimento. quando você consome o que acredita e de quem acredita, você se conecta com algo maior — identidade, política, emoção, memória. por isso gera vínculos. o slip dress dos anos 90, por exemplo, não era só uma peça; falava sobre liberdade e minimalismo.

eu entendo os dois lados. sou consumidora chata e exigente, e sou empresária. a primeira parte me faz ser melhor na segunda, definitivamente. gosto de fazer o que acredito. tenho pressionado a calafatte a se tornar um lugar onde você encontra produtos que vão tornar a sua vida melhor e mais bonita, de forma durável e prática. odeio esse papinho de roupa que não dura.

dito isso, vocês estão liberadas para comprar poa na calafatte. estampa universal que nunca falha ou sai de moda, sem data de validade. dia 28 (quinta-feira) lançamos o segundo drop com 4 peças de poa. enjoy, motherfuckers.

beijos;

até quarta que vem.

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